O
microchip hoje pode ser considerado uma verdadeira “caixa preta”. Encontramos
esse diminuto dispositivo por toda parte, mas simplesmente não sabemos
como funcionam. Então, afinal, o que se passa dentro deles? Em primeiro
lugar é preciso dizer que existem hoje milhares de tipos de microchips.
Alguns são mais simples -- como os que fazem funcionar um relógio
digital --, outros são mais complexos -- como o microprocessador
de um computador.
Todos eles são bastante
diferentes entre si, mas de modo geral podemos dizer que um microchip não
passa de um circuito eletrônico miniaturizado. Esse circuito, por
sua vez, é composto por diversos componentes eletrônicos,
sendo capaz de realizar uma determinada função. O chip de
um relógio digital, por exemplo, possui um circuito eletrônico
capaz de “marcar” o tempo (com grande precisão), exibindo o horário
corrente num visor. Já o chip de freios ABS contém um circuito
eletrônico capaz de monitorar a rotação das rodas e
impedir seu travamento.
Mas a pergunta permanece:
e como os microchips são capazes de desempenhar essas funções?
E o que há dentro deles?
Sintonizando as ondas do rádio
O
elemento principal de um microchip é o transistor. Dentro de um
pequeno microchip pode haver desde uma dúzia até alguns milhões
de transistores. Os transistores são arranjados de forma a criar
blocos funcionais que uma vez interligados tornam o chip capaz de realizar
algum tipo de processamento.
Mas,
para entendermos o funcionamento dos transistores -- os componentes principais
do microchip --, devemos retroceder na História e refazer parte
do caminho percorrido pela eletrônica. Devemos voltar ao tempo das
válvulas e relês…
Em
1883, o conhecido inventor Thomas Alva Edison (1847-1931) estava em seu
laboratório trabalhando com lâmpadas elétricas de filamento
quando um fenômeno curioso lhe chamou a atenção. Uma
placa metálica havia sido introduzida na parte superior de uma lâmpada
elétrica comum, bem em frente ao filamento metálico. Acendendo
a lâmpada e ligando a placa metálica ao pólo positivo
de uma bateria e o filamento da lâmpada ao pólo negativo,
era possível medir uma corrente elétrica fluindo. Na época,
Edson não soube explicar o que estava acontecendo. Como poderia
haver tal corrente elétrica se
a placa metálica estava isolada,
isto é, não encostava no filamento? O que estava “fechando
o circuito” entre a placa e o filamento?
Hoje
se sabe que tal fenômeno (chamado “efeito termoiônico”) deve-se
ao fato de o filamento emitir uma grande quantidade de elétrons
que são atraídos pela placa, estabelecendo assim uma corrente
elétrica.
O
efeito termoiônico deve-se à estrutura atômica dos metais.
Todo corpo metálico possui elétrons livres que, a qualquer
temperatura, possuem um movimento desordenado em virtude de sua agitação
térmica. À temperatura ambiente, os elétrons não
conseguem se libertar-se do metal porque são atraídos pelos
íons positivos da rede cristalina e não possuem energia suficiente
para vencer esta atração. Contudo, se a temperatura do corpo
for aumentada, a agitação térmica dos elétrons
também aumentará e um grande número deles conseguirá
escapar da atração dos íons positivos. Estes elétrons
que escapam do material passam a formar uma nuvem eletrônica próxima
à superfície do corpo. Se houver um outro corpo metálico
positivamente carregado próximo a essa nuvem, os elétrons
serão atraídos e uma corrente elétrica se estabelecerá.
Algum
tempo depois, um físico inglês, John Ambrose Fleming, percebeu
que a descoberta de Edison podia ser bastante útil para melhorar
a recepção de sinais de rádio. Na época, já
se conseguia gerar ondas de rádio para transmitir informação;
a grande dificuldade era a recepção dos sinais. No início,
utilizava-se certos tipos de cristais capazes de conduzir corrente elétrica
em um determinado sentido. Eram chamados “cristais retificadores” e serviam
para separar a onda portadora da informação que ela carregava.
A idéia de Fleming era utilizar o efeito termoiônico em dispositivos
que viessem a substituir os cristais retificadores. Esses dispositivos
ficaram conhecidos como “válvulas termoiônicas”.
As
primeiras válvulas eram do tipo “diodo” (possuíam dois eletrodos)
e nada mais eram do que uma adaptação da lâmpada com
a qual Edison descobriu o efeito termoiônico. Consistiam de um cilindro
metálico (o catodo, isto é, o eletrodo negativo), que era
aquecido por meio de um filamento existente em seu interior. Este cilindro
era envolvido por outro, também metálico, que constituía
o anodo da válvula (o eletrodo positivo). Aplicando-se uma tensão
elétrica aos dois eletrodos, os elétrons que eram emitidos
pelo catodo aquecido em virtude do efeito termoiônico dirigiam-se
para o anodo. Os eletrodos eram envolvidos em uma cápsula (geralmente
de vidro) e no seu interior era feito vácuo -- a fim de facilitar
o deslocamentos dos elétrons.
Válvula do início
do século
As
válvulas diodo, desde sua invenção, passaram a ser
amplamente empregadas em circuitos eletrônicos. Assim como os cristais
retificadores, era possível, com elas, separar uma onda portadora
da informação carregada por ela.
O
passo seguinte no aperfeiçoamento das válvulas foi dado pelo
norte-americano Lee de Forest (1873-1961). Ele adicionou um novo componente
à válvula de Fleming: era um terceiro eletrodo, chamado grade
-- uma rede ou espiral de pequeninos fios envolvendo o catodo. O potencial
negativo da grade controlava o fluxo dos elétrons do catodo para
o anodo. Quanto menor o potencial negativo da grade, mais elétrons
podiam fluir através da válvula. Ou seja, a grade funcionava
como uma espécie de controle de corrente elétrica na válvula
-- como uma torneira que controla o fluxo de água. Dessa forma,
era possível injetar na grade um sinal bem fraco (como o que chega
de uma antena) e obter um sinal praticamente idêntico, porém
bem mais forte, entre o catodo e o anodo. Em outras palavras, era possível
utilizar a válvula como um dispositivo amplificador. Por possuir
agora três eletrodos, esse tipo de válvula termoiônica
ficou conhecida como “triodo”.
Válvula duplo triodo
A
válvula triodo de de Forest representou um grande avanço
para a engenharia eletrônica. Com esse dispositivo amplificador foi
possível aperfeiçoar não apenas rádios, mas
também equipamentos telefônicos e televisores. As válvulas
permitiram até a construção dos primeiros computadores
totalmente eletrônicos, isto é, sem partes eletromecânicas
móveis.
Apesar
de todo o avanço na área da eletrônica, as válvulas
estavam longe de ser perfeitas. Pelo contrário, elas tinham muitos
defeitos e traziam muita dor de cabeça para os engenheiros da época.
Em primeiro lugar, eram relativamente grandes, se comparadas com outros
componentes dos circuitos eletrônicos. Em segundo lugar, não
duravam muito e eram pouco confiáveis (o filamento podia queimar
ou o encapsulamento podia rachar, comprometendo o vácuo). Além
disso, devido ao filamento aquecido, as válvulas consumiam muita
energia e dissipavam muito calor. Equipamentos com muitas válvulas
eram um grande problema, pois a qualquer momento uma delas podia se queimar…
Biografia de Thomas Edison
http://www.treasure-troves.com/bios/Edison.html
Página da PBS sobre Lee de Forest
http://www.pbs.org/wgbh/aso/databank/entries/btfore.html
Nem condutores nem isolantes
Os
problemas das válvulas motivaram alguns pesquisadores a procurar
soluções alternativas. Resultados promissores começaram
a ser encontrados com o uso de materiais chamados semicondutores (principalmente
silício e germânio). São materiais que não podem
ser classificados nem como condutores nem como isolantes, situando-se pois
num grupo intermediário. Trabalhando com esses materiais, alguns
cientistas descobriram que a adição de quantidades muito
pequenas de certas sustância (chamadas impurezas) a um semicondutor
pode alterar consideravelmente suas propriedades elétricas. Assim,
adicionando-se uma pequena quantidade de fósforo a uma amostra de
silício, obtém-se um condutor elétrico semelhante
a um metal, isto é, a condução elétrica nesta
substância é feita por meio de elétrons livres. Dizemos
que um semicondutor como este é do tipo n (condução
feita por cargas negativas). Por outro lado, se uma pequena quantidade
de boro é adicionada ao silício puro, verifica-se que ele
também conduz eletricidade, mas tudo se passa como se a corrente
elétrica fosse constituída pelo movimento de cargas positivas.
Por este motivo, dizemos que o silício dopado com boro é
um semicondutor do tipo p (condução por cargas positivas).
Os
cientistas foram além e começaram a colocar lado a lado amostras
de silício tipo p e amostras de silício tipo n, formando
“junções pn”. Ligando-se uma bateria a um cristal pn de modo
que o contato do pólo negativo desta bateria seja feito com o lado
p e o pólo positivo com o lado n, observa-se um grande aumento das
cargas positivas e negativas existentes na interface da junção.
Este fato impede que a corrente atravesse o cristal pn, e ele se compara
a um material isolante. Entretanto, invertendo-se a polaridade da bateria
-- o pólo positivo sendo ligado ao lado p e o negativo ao lado n
--, haverá uma diminuição considerável das
cargas elétricas na junção. Nestas condições,
a corrente elétrica pode fluir pelo cristal pn.
É
fácil observar que o comportamento de uma junção pn
se assemelha ao de uma válvula diodo, deixando passar corrente elétrica
em um sentido (de p para n), e impedindo a passagem no sentido contrário
(de n para p). Surgiu assim o diodo semicondutor, bem mais econômico,
confiável e durável do que as válvulas diodo.
Logo
foi a vez da válvula triodo ser substituída por um dispositivo
semicondutor. Descobriu-se que um cristal semicondutor com duas junções
(pnp ou npn) era capaz de produzir amplificações semelhantes
àquelas conseguidas com as válvulas. Em outras palavras,
uma pequena corrente na camada central (como um sinal de rádio que
viajou grandes distâncias) era capaz de controlar o fluxo maior de
corrente entre as duas outras camadas. Dessa forma, a corrente mais forte
“imitava” o comportamento da corrente mais fraca. O resultado era uma versão
amplificada do sinal fraco. Esse triodo semicondutor foi chamado de transistor.
Um pequeno sinal ("alô")
entra pelo microfone, do lado esquerdo.
O transistor npn, no centro, amplifica o sinal.
O sinal amplificado sai pelo alto-falante, do lado direito.
O que são semicondutores
http://www.treasure-troves.com/physics/Semiconductor.html
Glossário sobre semicondutores
http://rel.semi.harris.com/docs/lexicon/preface.html
The Silicon Zoo
http://micro.magnet.fsu.edu/creatures/index.html
IBM Microelectronics Gallery
http://www.chips.ibm.com/gallery/
Transistor: o pequeno notável
O
transistor pode ser empregado de muitas maneiras, mas basicamente ele desempenha
duas funções: amplificação e chaveamento. No
caso da amplificação, podemos fazer uma analogia com uma
torneira: girando a torneira, podemos controlar o fluxo de água,
tornando-o mais forte ou mais fraco. No caso do chaveamento, podemos imaginar
o transistor como um interruptor de luz: ligando o interruptor, a luz se
acende; desligando o interruptor, a luz se apaga. Da mesma forma que a
torneira controla o fluxo de água, o transistor controla o fluxo
de corrente elétrica. E da mesma forma que o interruptor “chaveia”
(liga ou desliga) a luz, o transistor pode chavear corrente elétrica.
A grande diferença, contudo, da torneira e do interruptor para o
transistor é que nos dois primeiros o controle é feito pelas
nossas mãos. Já no transistor, o controle da amplificação
e do chaveamento é feito por corrente elétrica. Ou seja,
no transistor temos corrente elétrica controlando corrente elétrica.
Isso
é importante por diversos motivos: em primeiro lugar, com o controle
sendo feito por corrente elétrica, consegue-se num transistor uma
velocidade de operação milhares de vezes mais rápida
do que nossas mãos. Em segundo lugar, o transistor pode ser acoplado
a outras fontes de sinal elétrico, como uma antena, um microfone,
ou mesmo um outro transistor. Por fim, sendo controlado por corrente, o
transistor pode funcionar como uma “chave eletrônica”, sem partes
móveis, muito mais rápida e eficiente do que os antigos relês
(chaves eletromecânicas).
Transistor NMOS funcionando
como "chave"
O
transistor representou mais um salto na história da eletrônica.
Sendo bem mais confiável, durável, barato e menor do que
as válvulas (além de consumir pouquíssima energia
e dissipar bem menos calor), tornou-se possível aperfeiçoar
e reduzir consideravelmente de tamanho uma série de equipamentos
eletrônicos, como aparelhos de rádio e televisão.
Hoje,
o número de aparelhos e equipamentos que possuem transistores é
enorme. Telefones celulares, CD players, sistemas GPS, aparelhos de fax,
copiadoras, scanners, câmeras de vídeo, caixas eletrônicos
de bancos, equipamentos de ultrassom, airbags, satélites e muitos
outros -- todos possuem transistores! Sem o transistor, com certeza o mundo
seria bastante diferente.
Como funcionam os transistores
http://www.intel.com/education/transworks/INDEX.HTM
História do transistor no site da Lucent
http://www.lucent.com/minds/transistor/
Página da PBS sobre o transistor
http://www.pbs.org/wgbh/aso/databank/entries/dt47tr.html
Mister Transistor
http://ourworld.compuserve.com/homepages/Andrew_Wylie/
homepage.htm
Traduzindo o mundo analógico em informações
digitais
Boa
parte da evolução tecnológica sempre caminhou no sentido
de facilitar nossas vidas. Muitas máquinas e equipamentos, por exemplo,
foram construídas para ampliar nossas capacidades de deslocamento
e comunicação. Mas a interação do homem com
a realidade está longe de ser simples. Em nossas tentativas de atuar
sobre o mundo, temos que desenvolver representações da realidade.
A manipulação de informação, por exemplo, requer
um sistema de codificação. Foi o que fez o americano Samuel
Morse, em 1837, quando inventou o telégrafo elétrico. A transmissão
das mensagens (informação) se dava por meio de um código
(o conhecido código Morse) que utilizava apenas dois símbolos
(traços e pontos) para representar as letras do alfabeto.
Código Morse: pontos
e traços para representar as letras
Com
os computadores não é diferente. Para que possam processar
informações foi preciso desenvolver um código, uma
“linguagem” própria dos computadores. Esse código é
o código binário que, assim como o código Morse, emprega
dois elementos (o zero e o um, chamados “bits”) para representar toda a
sorte de informações que um computador pode armazenar, processar
e exibir.
Tabela ASCII: repreentando
letras com bits
Pode-se
dizer que a idéia de representar dados e realizar operações
de transformação sobre eles utilizando para tanto um dispositivo
físico surgiu há mais de cinco mil anos, no Oriente, com
a invenção do ábaco. O ábaco era capaz de realizar
operações aritméticas baseadas em métodos similares
aos dos computadores modernos. Desde então, inúmeros mecanismos
foram desenvolvidos com o objetivo de computar algum tipo de informação.
Em 1805, Joseph-Marie Jacquard construiu uma máquina automática
de tear capaz de criar desenhos bastante elaborados. Tais desenhos eram
“codificados” em cartões perfurados que eram lidos pela máquina.
Em 1932, Charles Babbage e Ada Lovelace conceberam um dos primeiros computadores
programáveis da História, a Máquina Analítica,
que nunca foi terminada. Em 1847, George Boole publicou seus primeiros
trabalhos sobre lógica simbólica -- que mais tarde dariam
origem à lógica e à aritmética binária
(cuja essência é a resolução de problemas complicados
por meio de operações simples).
O matemático George
Boole
Em
1938, Claude Shannon adaptou a aritmética binária de Boole
para a análise e descrição de circuitos. Nesses circuitos,
a posição dos contatos dos relês comporta-se como uma
variável booleana, que só pode assumir um de dois estados
possíveis, neste caso, aberto ou fechado. Essa adaptação
passou a ser conhecida como “álgebra de chaveamento” e os valores
possíveis das variáveis, 0 ou 1, passaram a representar condições
físicas: ligado ou desligado, com tensão alta ou com tensão
baixa, aberto ou fechado, entre várias outras. Em sua tese de mestrado
no MIT, Shannon escreveu: “Qualquer expressão composta pelas operações
de soma, multiplicação e negação (inversão)
representa explicitamente um circuito que contém apenas ligações
em série e em paralelo.”
Com
a álgebra de chaveamento tornou-se possível projetar circuitos
lógicos isolados do mundo físico da eletrônica.
São circuitos que existem como abstrações matemáticas,
como associações de módulos lógicos funcionais
que, por sua vez, são associações de portas lógicas
simples. As portas lógicas são módulos básicos
de circuitos que realizam as operações booleanas.
AND
|
OR
|
INVERSÃO
|
a AND b = y
|
a OR b = y
|
NOT a = y
|
a . b = y
|
a + b = y
|
/a = y
|
0 0
0
|
0 0
0
|
0
1
|
0 1
0
|
0 1
1
|
1
0
|
1 0
0
|
1 0
1
|
1 1
1
|
1 1
1
|
Tabela com as operações
booleanas AND, OR e INVERSÃO
A
implementação física de circuitos lógicos tem
passado por muitas transformações. No século passado,
a engenharia desses mecanismos se restringia à mecânica. Era
o caso dos teares de Jacquard e da Máquina Analítica de Babbage.
A lógica através de engrenagens também é antiga.
Pascal e Leibniz construíram calculadores mecânicas ainda
no século 17. No início deste século, a grande demanda
pelos circuitos lógicos se dava na construção de centrais
telefônicas. Nessa fase, a melhor opção técnica
disponível eram os relês.
Um
relê é um dispositivo eletromecânico composto por uma
bobina e contatos. A bobina é um solenóide que, ao ser percorrido
por uma corrente elétrica de amplitude adequada, energiza-se e movimenta
os contatos. Pela interligação dos contatos, pode-se realizar
as mais diversas funções lógicas: associando-se contatos
em série, realiza-se a operação “and”, e em paralelo,
a operação “or”. Na década de 30, surgiram os primeiros
computadores eletromecânicos, como o Mark I e Mark II da Universidade
Harvard. Com a invenção das válvulas, surgiu uma alternativa
melhor para a realização de operações lógicas,
e ao longo da década de 40, diversos computadores eletrônicos
empregando válvulas foram construídos.
Mas
foi o transistor que veio revolucionar a eletrônica digital. Finalmente
tinha-se um dispositivo barato, confiável e de tamanho reduzido
capaz de realizar operações de chaveamento. Em outras palavras,
era possível, com o transistor, implementar fisicamente circuitos
lógicos digitais cada vez mais complexos e interessantes. Em 1955,
a IBM introduziu sua primeira calculadora transistorizada, contendo mais
de dois mil transistores. A miniaturização da eletrônica
não parou e mais um salto tecnológico se sucedeu com a invenção
dos circuitos integrados (microchips).
Sinal analógico (em
cima) e seu correspondente sinal digital
Um
microchip nada mais é do que um aglomerado de transistores (além
de outros componentes eletrônicos menos importantes). Estão
organizados de tal forma que a saída de um transistor controla outros
transistores, que por sua vez controlam outros e assim por diante. Podem
ser necessários diversos transistores interconectados para que se
consiga realizar operações tão elementares como adicionar
um mais um. Mas coloque-se transistores suficientes juntos de maneira apropriada
e eles serão capazes de realizar operações complexas
com grande velocidade (podem chavear milhões de vezes por segundo
ou mais).
Graças
às técnicas como a fotolitografia e o desenho assistido por
computador (CAD), milhões de transistores e outros componentes eletrônicos,
e toda sua interligação, podem ser arranjados em um circuito
integrado do tamanho de um pequeno selo. Nessa escala, o custo de um único
transistor é praticamente nulo -- cerca de centenas de milionésimos
de centavo cada.
Com
as antigas válvulas em miniatura, o maior número de dispositivos
que se conseguia ligar em circuitos eletrônicos correspondia a uma
densidade média de 1 elemento por cm3. Com o uso de dispositivos
semicondutores, conseguiu-se colocar uma média de até 3 elementos
por cm3. Atualmente, com o uso dos circuitos integrados, foi possível
atingir a fantástica cifra de 30.000 elementos por cm3. Sem esse
desenvolvimento tecnológico, que permitiu tal miniaturização
dos circuitos eletrônicos, um moderno computador teria dimensões
tão exageradas que sua construção seria inviável.
Biografia de George Boole
http://www.treasure-troves.com/bios/Boole.html
Shannon Day at Bell Labs
http://cm.bell-labs.com/cm/ms/what/shannonday/
Um mundo de microchips
Hoje
os microchips estão por todo o lado. Tornaram-se uma “tecnologia
invisível” que é parte de quase todo equipamento eletrônico.
Não é possível ignorá-los. Pelo contrário,
devemos entendê-los. Não podemos considerá-los “caixas
pretas”, mágicas, que funcionam misteriosamente. Devemos compreender
minimamente seu funcionamento, e saber que não existe mistério
nenhum: o microchip é apenas mais uma das maravilhosas criações
humanas.
Páginas da revista
Time sobre o microchip
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